Outro dia uma aluna me pergunta: - Professora, como fazer para conseguir ouvir os outros sem interromper? Por um minuto pensei em recorrer aos apelos da educação que vem da família, de quando crianças, nossos pais nos diziam para não atrapalhar a conversa, principalmente dos mais velhos. Era terminantemente proibido e desaconselhável que nos aventurássemos a complementar, indagar, discordar do que estava a ser falado numa roda de pessoas adultas, mesmo que fossem parentes.
Mas, na tentativa de responder à aluna, lembrei de dizer-lhe que talvez ela pudesse se guiar pelo conceito de audiência empática, de que fala Antonio Suarez Abreu, em seu livro: "A Arte de Argumentar - Gerenciando Razão e Emoção". O autor cita que estamos o tempo todo
gerenciando relações. Quando dizemos "bom dia", "senhora", "senhor", estamos gerenciando relações que influenciarão no sucesso de nossas iniciativas, de nossas relações interpessoais.
Sobre a capacidade de desenvolvermos a audiência empática, o autor ilustra: "(...) Pathos, do grego, além de enfermidade também quer dizer sentimento. Somando ao significado da preposição "em", temos: "ouvir com empatia significa ouvir dentro do sentimento do outro".
Então, gerenciar relações passa por resgatar formas de tratamento - até então, colocadas como obsoletas por uma pseudomentalidade fundamentada pela valorização do "moderno", passa pela capacidade de saber ouvir o outro, de esperar o turno e quando possível, passa pela capacidade humana de ouvir dentro do sentimento do outro.